Imobiliário: Situação do mercado em Portugal

Estes últimos anos de pandemia foram um período de desafio para vários setores e o mercado imobiliário não passou naturalmente despercebido. Na verdade, ‘resiliência’ é o nome do meio deste mercado que resistiu a tempos de crise e que aos dias de hoje já ultrapassou os valores pré-pandemia. Por isso, se vai comprar, vender ou arrendar um imóvel deve ficar por dentro destes números.

É um mercado dinâmico quer em vendas quer a nível de recursos, trazendo constantemente novos agentes e empresas para dentro da mediação.

Vamos analisar alguns números…

Como está o mercado imobiliário?

Com o início da pandemia era esperado que houvesse um maior equilíbrio entre a procura e a oferta no mercado imobiliário, permitindo assim uma estabilização dos preços. No entanto, tal não aconteceu e os preços chegaram mesmo a subir para espanto de todos. E se pensa que com eles veio a estagnação do mercado, desengane-se.

Segundo noticiou o Observador, com base nos dados partilhados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), entre janeiro e junho de 2021, venderam-se mais de 96 mil casas, o que representou não só uma subida de 30% em relação ao período homologo de 2020, como um aumento de 27% em relação a 2019, antes de surgir a pandemia.

A venda de todas estas casas resultou assim em transações no valor de 15.5 mil milhões de euros, o que representa uma subida de 26% em relação ao primeiro semestre de 2020 e de 12% em relação a 2019.

Lisboa continuou a assumir a primeira posição no que diz respeito aos preços mais elevados, mas o Algarve e a Madeira foram as regiões que apresentaram maior crescimento no setor, tendo sindo vendidas no primeiro semestre de 2021: 6.869 e 2.040 casas respetivamente.

E no segundo semestre? Este dinamismo não abrandou: os preços das casas e por m2 continuaram a subir e os níveis de procura mantiveram-se históricos.

De acordo com o INE, no 3º trimestre de 2021, o preço mediano das casas em Portugal subiu 12,2% para 1.311 por m2, atingido quase o dobro da subida do trimestre anterior. E segundo apurou o Idealista, no final do mês de dezembro de 2021, os preços das casas voltaram a subir 2,6% em relação à variação trimestral. De uma forma global, neste último ano, os preços das casas subiram em todas as regiões com destaque para a Região Autónoma da Madeira que lidera o ranking, seguindo-se a Área Metropolitana de Lisboa e o Algarve.

Como está o mercado imobiliário - Valor Imobiliario

Por sua vez, o mercado de arrendamento em Portugal teve pouco dinamismo e os preços das casas para arrendar tiveram a tendência inversa. Embora já tenham voltado a subir no início deste ano, os preços desceram 4,3% em 2021 e, segundo o índice de preços do Idealista, arrendar casa tinha um custo de 10,7 euros por m2 no final do mês de dezembro de 2021. O maior desafio no mercado de arrendamento passa precisamente pela criação de mais oferta, em quantidade e diversidade, que vá ao encontro das atuais e reais necessidades do perfil de consumidor.

E o que é feito do mercado de investimento? A boa notícia é que o mercado imobiliário em Portugal se manteve atrativo para investidores e as transações continuaram a ocorrer em 2021. O Idealista esteve à conversa com o especialista em imobiliário, Gonçalo Nascimento Rodrigues, que considera que este interesse por Portugal depende de vários fatores macroeconómicos e financeiros como o apoio do Banco Central Europeu (BCE) e que uma vez terminado esse apoio, o mercado de investimento poderá sofrer alterações.

De facto, e embora seja difícil estabelecer tendências ou generalizar situações, o que é certo é que a procura continuou muito forte e a oferta muito escassa. Mas de onde poderá vir este aumento de procura? Vamos descobrir!

Aumento da procura e um novo perfil de comprador

O mercado mexeu, e muito, quando o confinamento chegou e as famílias perceberam que tinham novas necessidades de habitação, como por exemplo, áreas de casa mais amplas ou espaços arejados como um jardim, um pátio ou uma varanda.

Tais necessidades originaram remodelações em casa, investimentos em obras e até mesmo mudança de residência para a periferia ou campo. Na realidade, a casa passou a ser em simultâneo local de trabalho, de lazer e descanso e ainda de escritório e sala de aula para muitas famílias portuguesas.

Portanto, se tivermos que atribuir culpas a alguém é ao teletrabalho que teve um grande impacto nesta mudança de perfil de consumo. E aqui estamos a falar do mercado de compra, mas também do arrendamento porque o que é certo é que com a flexibilidade de um trabalho remoto veio também a maior liberdade de escolha do local para viver e trabalhar, impactando assim a dinâmica do mercado e distribuindo a procura para fora dos grandes centros.

A verdade é que muitas famílias começaram a valorizar outro tipo de imóveis e que o único ponto que se preocupam em assegurar de antemão é a existência de uma boa ligação à internet!

No entanto e apesar da pandemia ter continuado a impulsionar a procura no mercado imobiliário, o receio das famílias em comprar/trocar de casa também aumentou. Não só os portugueses são mais conscientes e exigentes no que procuram, como também têm mais medo de arriscar, com receio da crise, e por isso demoram mais tempo a tomar qualquer decisão.

O que esperar do mercado imobiliário em 2022 - Valor Imobiliario

O que esperar do mercado imobiliário em 2022?

As teorias são muitas: há quem diga que os preços vão cair em breve, justificando o fim das moratórias e dos apoios do Estado para as famílias que viram os seus rendimentos afetados pela pandemia e que tiveram maiores dificuldades para conseguir assegurar o pagamento dos seus créditos. E há quem defenda que os preços das casas não vão baixar tão cedo.

As projeções para 2022 são positivas. Em entrevista à Visão, o empresário e gestor Gustavo Soares afirma que um dos primeiros desafios a dar resposta é ao nível dos preços das casas, sugerindo a implementação de políticas de dinamização de construção de novas habitações e assim aumentar o parque habitacional português.

Em segundo lugar destaca a diminuição dos preços das matérias-primas e dos custos associados à construção de habitação, para assim permitir a conclusão de um maior número de projetos (muitos ficaram inacabados) e consequentemente a criação de mais oferta para o mercado.

Já o Jornal Sol esteve à conversa com alguns especialistas do setor, como Paulo Caiado, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) e os CEO da Century 21 Portugal, Remax e ERA que partilham da opinião de que o mercado continuará dinâmico e que embora não se prevejam descidas em 2022, poderá haver uma estabilização de preços em algumas zonas do país.

Tal como pudemos ver ao longo deste artigo, existem novas necessidades habitacionais e por isso a procura não desceu e o setor adaptou-se a esta nova realidade.

Se nos perguntar se este é o momento certo para investir ou esperar, a única coisa que lhe podemos dizer é que analise os dados. E se estiver a pensar comprar casa, esteja a par de todos os passos deste processo, bem como dos aspetos essenciais sobre a compra de um imóvel em Portugal. Esperamos ter ajudado!

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